
"Agora eu lhe peço: diga que me ama. Seguro sua mão. Estamos olhando o rio juntos.
- A ausência de resposta também é uma resposta - diz ela. Eu a abraço e coloco sua cabeça no meu ombro.
"Eu te amo como um rio, que entende que precisa correr diferente em uma cachoeira e aprender a repousar em uma depressão do terreno. Eu te amo porque todos nascemos no mesmo lugar, na mesma fonte, que continua nos alimentando sempre com mais água. Assim, quando estamos fracos tudo o que precisamos fazer é aguardar um pouco. Volta a primavera, as neves do inverno derretem e tornam a nos encher de nova energia.
"Então, eu recebo seu amor e lhe entrego meu amor. Não o amor de um homem por uma mulher, não o amor de um pai por uma filha, não o amor de Deus por suas criaturas. Mas um amor sem nome, sem explicação, como um rio que não consegue explicar o seu percurso, apenas segue adiante. Um amor que não pede e que não dá nada em troca, apenas se manifesta. Eu nunca serei seu, você nunca será minha, mas mesmo assim posso dizer-, eu te amo, eu te amo, eu te amo."
O Aleph - Paulo Coelho